Ixillium - A Extinção

Por Everson Peneluc

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Capitulo IV – A Ordem dos 10 e as Profecias.

III Parte – Os nove Príncipes e um Rei
                 
                Não pude me conter, antes que Neil terminasse de falar eu ri e expressei uma enorme indignação com tudo aquilo. Eu não quis crer, como acreditar numa fábula que eu não sabia que não fazia sentido?
                Quando eu era jovem os meus pais sempre levavam a mim e ao meu irmão à Igreja. Eles eram de origem protestante e sempre foram muito fieis à religião, meu irmão aparentava gostar bastante e estudava muito sobre a Bíblia e seus autores. Por isso sempre me ensinou muito sobre a Bíblia. Mas eu? Eu sempre fui um cético, não acreditava em nada que era divino ou que me fizesse sentir impotente ou governado.
                Foi quando eu disse que tudo aquilo não passava de um conto sem sentido e sem nexo. Foi aí que Rafaela me interrompeu. Ela estava tentando me acalmar e também me explicar sobre aquilo. Ela dizia que quando eu a procurei falando sobre Nabucodonosor e sobre o Ferreis et fictilibus teria sido coincidência demais, porém que aquela coincidência tinha nexo, que eu devia acreditar e analisar os fatos, mas não foi o que eu fiz. Simplesmente virei às costas e saí dali.
                Eu fui direto pro carro, ainda chovia muito forte. Neil me acompanhou, entrou no carro, o ligou sem dizer uma palavra sequer e me levou direto para a Casa Branca.
                Ao chegarmos fui direto para o meu quarto e me deitei sobre o tapete no chão, tentei espairecer e raciocinar um pouco, foi quando adormeci. Logo em seguida comecei a sonhar, era um sonho estranho. Um homem muito grande me prosseguia, sempre que ele se aproximava de mim eu conseguia fugir dele. Eu não estava só, comigo havia onze pessoas. Ele também não estava só, havia seis homens grandes mais não tão grandes como ele. Ele era o maior de todos. Eu não conseguia ver os rostos mais eu sentia muita aflição porque pouco a pouco aqueles homens pegavam as pessoas que estavam comigo e no final restou apenas eu. Foi quando acordei muito assustado. Neil estava sentado sobre a minha cama e pediu que eu me acalmasse, era apenas um sonho.
                Após ter acordado fui lavar o rosto no banheiro e quando voltei pedi desculpas. Ele sorriu, me abraçou e me disse algo: “Deus já tomou a minha decisão, mas também tomou a sua”.
                Aquilo foi bizarro, assim que ele terminou de falar virou as costas e me deu um adeus sorridente. Eu não tinha entendido aquele gesto, mais ele tinha literalmente se despedido de mim.
                Eu não queria mais estar naquele lugar, me sentia mal com toda aquela situação e estava perdido em meio aos meus pensamentos. Decidi então sair. A alguns quarteirões dali existia uma lanchonete que eu sempre ia com meus pais. Resolvi ir pra lá comer algo e passar o tempo. Peguei meu carro e uma roupa de frio, ainda chovia muito e parecia que nunca iria parar de chover. Quando eu saí da Casa Branca eram quatorze e cinqüenta, mas parecia ser vinte e duas horas. Ventava forte, estava muito frio e escuro, apesar da chuva tão intensa os comércios ainda estavam abertos e por isso eu decidi sair.
                Ao chegar à lanchonete eu me assentei e fiz o meu pedido. O lugar estava lotado de pessoas que eram impedidas de sair por conta da chuva. A Garçonete que me atendeu ironicamente disse que aquele parecia o final do mundo. Achei o comentário sem graça e preferi não sorrir. A TV estava ligada no canal do noticiário. Dei um sorriso sem graça comigo mesmo. Foi quando o jornalista começou a falar sobre algo muito interessante.
                A câmera mostrava duas pessoas muito estranhas que estavam em frente à Basílica de São Pedro no vaticano. Algumas pessoas estavam os ameaçando e era muito alvoroço. O jornalista dizia que aqueles dois homens afirmavam ser Elias e Enoque, e foi aí que a situação ficou tensa. Uma coisa era certa, eu era um cético, mas conhecia a Bíblia talvez tão bem quanto o meu irmão. Eu fazia questão de entrar em debates contra as pessoas que falavam da bíblia como sendo a voz de Deus até deixá-los sem teses ou provas de que a bíblia era realmente santa. Por isso eu sabia, tanto como historiador como um estudante que nem Enoque, Elias ou Moises haviam sido encontrados mortos. A cada minuto que passava eu ficava mais tenso com aquela situação mostrada no noticiário. Então começaram a atacar os homens com pedras e porretes nas mãos. Me levantei da cadeira na qual eu estava e junto comigo a maioria dos que estavam ali. Era uma atrocidade sem tamanho que estava acontecendo! As pessoas não aceitavam que aqueles homens afirmassem ser Elias e Enoque pois sabiam que os mesmos haviam sido arrebatadas por Deus. Eles eram fieis e não aceitavam tal calunia. Gritavam alto a palavra “blasfêmia contra os Santos”. Foi então que percebi algo, lágrimas escorriam dos seus olhos e havia um sorriso tão verdadeiro na face dos dois... Eles morreram, ali, sem nada dizerem.
                As pessoas que estavam na lanchonete se espantaram e ficaram perturbadas com tudo aquilo. Eu me sentei esboçando um olhar distante e uma feição sem reação. A ficha então caiu e eu percebi que estava errado. Paguei a conta o mais rápido possível, entrei no carro e fui direto para a casa de Raphaela. À medida que eu avançava a chuva passava, e o sol surgia dentre as nuvens. As pessoas estavam paradas no meio da rua e apontavam para o céu, eu não entendia o que estava acontecendo. Parei o carro ali no meio da rua como muitos e olhei para o céu, foi quando vi. O Sol era tão vermelho quanto o sangue, as nuvens estavam se dissipando apenas em volta do sol. No meu relógio eram quinze e vinte e cinco. Quando olhei ao meu lado vi algumas pessoas desaparecerem! Os carros no meio da rua batiam uns nos outros. Pessoas gritavam e choravam sem entender o que estava acontecendo. Corriam para todos os lados espantados e sem saber o que fazer ou em que direção ir. Dentro dos carros haviam pessoas machucadas pedindo por socorro, outras estavam mortas, vitimas dos carros desgovernados por não terem seus motoristas. Dos meus olhos escorriam lágrimas de medo e terror e foi quando eu me lembrei do adeus de Neil. Me ajoelhei no chão pela primeira vez e olhei para o céu e disse: “agora sei que não era um sonho, você é real e eu estou pronto”.
                Levantei-me ainda meio perdido, corri até o meu carro e saí dali o mais rápido possível, desviando de todos os carros e pessoas que estavam na rua. Dirigi-me rapidamente à casa de Raphaela. No caminho eu vi o resultado do que havia acabado de acontecer. Havia carros batidos, pessoas feridas e até mortas graças aos acidentes. O caos era muito grande em todos os lados. Em média eu levaria uns quarenta e cinco minutos para chegar até a casa dela, mais levei quase duas horas. Ao chegar lá eu toquei a campainha. Vi que a chuva já tinha passado totalmente, mas o céu estava do mesmo jeito. Ela não atendia a porta, então decidi arrombá-la. Chequei a casa quase que inteira, exceto um dos quartos, o quarto dos pais dela. A porta estava trancada e eu assustado, decidi arrombá-la também. Foi quando a avistei, sentada sobre a cama com os olhos bem distantes, sua maquiagem estava borrada e ela não expressava sequer uma feição. Eu a chamei e a sacudi algumas vezes então ela me olhou dizendo: “Eles se foram”. Abracei-a bem forte e disse a ela que aquele não era o fim, era apenas o inicio do fim e que tínhamos que nos preparar.
                Carreguei-a em meus braços e levei-a até a sala. Ela chorava com gemidos curtos e soluços baixos. A coloquei no sofá e fiquei rodando a sala com passos desesperados sem saber o que fazer e onde ir. Pedi pra que ela parasse de chorar e que me ajudasse a pensar, porém ela já tinha a resposta. Ela enxugou as lagrimas borrando a sua maquiagem levemente e levantou-se pedindo pra que eu a seguisse. Ela abriu a porta que levava até a saída da casa. Fiquei surpreso com o que vi. As nuvens escuras e densas haviam se dissipado por completo, porém, estava muito frio, o sol da tarde estava avermelhado junto com o céu que parecia estar sendo manchado com sangue. As pessoas choravam tão alto que dava pra ouvir em todos os lugares, pessoas corriam de um lado a outro sem saber o que fazer e sem saber o que tinha acontecido. Raphaela trancou a porta da sua casa e pediu pra que entrássemos no carro. Liguei o carro e perguntei que caminho deveria tomar. Ela falou: Casa Branca.
                Surpreendi-me com o seu pedido, mas mesmo assim decidi seguir caminho. As ruas estavam ficando cada vez mais vazias. Parecia que as pessoas estavam começando a aceitar aquela situação e logo, a cidade havia tornado-se um deserto. Não havia mais ninguém e nem um choro se quer consegui ouvir em todo o caminho. Foi quando comecei a avistar a Casa Branca. Havia milhares de pessoas ao lado de fora, no jardim e até mesmo no estacionamento. Haviam telões instalados por todos os lados e eu ouvia a voz do meu irmão falando. Parei o meu carro a alguns metros de distância, era impossível chegar mais próximo que aquilo. Desci do carro junto com Raphaela, ela pegou em minha mão e me puxou para o lado norte da Casa Branca. Entramos no meio da multidão. Foi quando ouvi o meu irmão falando com todos. Ele pedia pra que todos tivessem confiança nele e pedia também pra que ninguém tivesse medo do que estava acontecendo, aquele era o fim dos tempos e as pessoas que haviam desaparecido eram as pessoas que não haviam crido no verdadeiro evangelho de Deus. Foi quando eu apertei a mão de Raphaela e parei ali um estante. Ele falava com tanto fervor sobre salvação e sobre Deus que me assustei e pensei em todas as coisas que Neil havia me dito e saí ligando uma com a outra. O meu irmão não era quem eu imaginava ser. À medida que ele ia falando a certeza era maior em meu coração. Raphaela olhou firme em meus olhos e disse que não tínhamos tempo para aquilo, então ela me puxou em direção a uma das entradas no lado norte da Casa Branca.
                Mesmo com muita dificuldade conseguimos chegar a uma das barreiras de contenção. Havia muitos seguranças por todos os lados, então me aproximei e me apresentei e apresentei Raphaela a um deles, ele me reconheceu e pediu permissão aos seus companheiros para que eu passasse. Entramos correndo na Casa Branca, eu não entendia a atitude de Raphaela mais também não contestei e nem perguntei o porque daquilo tudo. Ela me pediu pra que eu a levasse direto ao escritório do meu irmão, onde ficava a maior parte das documentações mais importantes. Entramos no escritório. Ao contrario daquela vez, o escritório estava mais claro e com as cortinas das janelas presas ao canto da parede. O sol era muito vermelho e por isso a sala estava com um tom muito avermelhado em todos os cantos, haviam documentos espalhados por toda a mesa, como daquela vez. Raphaela prontamente começou a vasculhar os documentos que estavam ali, era muito perigoso o que estávamos fazendo mas, eu não contestei, apenas perguntei o que ela queria. Ela respirou fundo e disse: Ferreis et fictilibus.
                Havia uma pequena pasta no chão aos pés da mesa. Ela tomou a pasta em suas mãos e a abriu. Ela havia encontrado o que estava procurando e foi quando o meu irmão entrou. Ele olhou no fundo dos meus olhos e me abraçou bem apertado. Judas o exclamou. A única reação que expressei foi a de afastá-lo de mim, perguntei onde estavam os nossos pais, Ele afirmou: Que Deus os tenha.
                Eu sabia que Alex era incapaz de fazer algum mal aos nossos pais e sabia que os dois eram Protestantes fervorosos por isso não dei importância à ironia mais o fiz uma pergunta direta e forte. Perguntei a ele quando é que ele havia tornado-se o anticristo. Ele respondeu com um sorriso e disse a um dos seguranças: Faça o que tem que ser feito, e deu as costas. Antes que ele saísse da sala Raphaela me puxou pela mão e jogou-se direto pela janela junto comigo estilhaçando os vidros da janela. O lugar não era alto e era a única forma de escaparmos dali com vida. Saímos ilesos, exceto pelos arranhões e pequenos cortes no rosto causado pelos estilhaços. Levantamo-nos ligeiramente e corremos em direção ao público. Uma perseguição louca havia iniciado, corríamos para nos proteger e sobreviver. Os seguranças pularam pela mesma janela e tentavam nos alcançar, mas, era tarde de mais. Avistei o meu carro, entramos nele e saímos dali o mais rápido possível. Olhei várias vezes pelo retrovisor e percebi que os seguranças do meu irmão já não nos perseguiam. A alguns quilômetros da Casa Branca decidi parar o carro, havia vários carros na rua parados, não queria seguir viagem com o meu, pois sabia que poderia ser rastreado pelo meu irmão. Checamos carro por carro, até que encontramos um. O carro estava com as chaves na ignição, o liguei e perguntei para onde iríamos. Ela não tinha a resposta. Dei a partida e segui adiante.
                Em poucos quilômetros decidi procurar uma pessoa, um velho amigo que já não via há anos. Éramos amigos de infância. Seu nome era James Mclane. Ele vivia nos estado de Mississipi, mas já não morava mais lá desde que ingressou na faculdade. Ele havia tornado-se um cientista brilhante e uma pessoa muito inteligente. Há alguns dias atrás eu havia entrado em contato com ele, e ele queria muito me ver. Peguei o meu celular e liguei para ele torcendo pra que ele ainda estivesse entre nós. Ele demorou de atender, quando eu já estava quase desistindo ele atendeu. Eu disse que estava indo visitá-lo, ele ficou muito feliz com a noticia e me pediu algo, disse pra que eu não contasse a ninguém e pediu que eu me apreçasse. Ele morava no Alabama em Birmigham dava aproximadamente 1.194 km de onde estávamos até a sua cidade, era um bom caminho para pensarmos e ler aqueles documentos.
                Horas depois começou a anoitecer, decidimos parar. Paramos num posto numa via de ligação que nos levaria ao nosso destino final. Decidimos ficar por ali para não arriscarmos sermos vistos por ninguém. Raphaela havia lido a documentação o suficiente pra me dizer um monte de coisas. Quando parei o carro ela começou a me explicar uma séria de coisas. Mais a mais interessante de todas foi uma, meu irmão não estava só. Segundo Raphaela, ele era apenas uma espécie de mediador entre um poder tirano e a população mundial. Nove governantes poderosos estavam por trás das cortinas apenas assistindo a tudo sem ser notado por ninguém. Eu disse a ela que ela estava enganada. Meu irmão não estava sendo manipulado. Ela tentou contestar, mas antes que falasse eu disse: Ele é o anticristo, o seu papel é fundamental para que as coisas aconteçam da forma que estão acontecendo, as nações que estão com ele dão forças a ele, mas, o seu governo é poderoso e auto-suficiente. Eu sabia disso, pois tinha assistido durante muitos anos o meu irmão tornar-se o homem mais poderoso do mundo e completei. Esses são os nove príncipes governados por um Rei. O Anticristo.            

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